Porque Lula é filosoficamente culpado por um carnaval com maior criminalidade
- Jorge Augusto Derviche Casagrande
- 22 de fev. de 2023
- 3 min de leitura
A alta criminalidade no carnaval de 2023 é impressionante. Não faltam vídeos de “arrastões” e até mesmo relatos de autoridades e líderes políticos descrevendo como foram assaltados ou furtados nas festas. Não faltam notícias e vídeos sobre isso na internet.
Pois bem, como veremos, podemos considerar que grande parte da culpa decorre filosoficamente da eleição de Luís Inácio (PT), como retroalimentação de uma transformação negativa na cultura da sociedade brasileira.
A influência dos líderes na formação da cultura de uma sociedade é um tema amplamente discutido na história da filosofia. Platão, por exemplo, afirmou que "o caráter do governante torna-se o caráter do povo" (A República, Livro IV), ressaltando a importância do comportamento dos líderes para a formação da moral e dos valores da sociedade.
De fato, a ciência moderna também tem comprovado a influência dos líderes no comportamento dos indivíduos. Estudos mostram que os comportamentos e atitudes dos líderes são imitados pelos seguidores, o que pode levar à disseminação de comportamentos negativos (Keltner, Gruenfeld & Anderson, 2003). Assim, quando líderes dão maus exemplos, como comportamentos intolerantes ou corruptos, isso pode contribuir para a formação de uma cultura de intolerância e criminalidade.
No caso, o atual presidente da república, Luís Inácio (PT), pode ser visto como exemplo nocivo aos brasileiros, porque, supostamente, cometeu, crime de corrupção, pois foi condenado em todas as instâncias, mas acabou livre dos processos por algo atribuído por muitos como "erro judicial". No entanto, a reprobabilidade de suas condutas permanece.
Não bastasse isso, o atual presidente, enquanto candidato, fez questão de fazer campanha em locais dominados pela criminalidade, ostentando até mesmo um boné controverso, com os dizeres “CPX”. Isso parece ter bastado para que testemunhássemos vídeos de supostos membros de organizações criminosas comemorando sua vitória, com salva de tiros, e também vídeos com presídios inteiros em alto clamor com a vitória do petista.
Não bastasse isso, o presidente fez vários discursos que não caíram bem, que vieram como exaltação à conduta criminosa, como, por exemplo, o famoso discurso vitimizando ladrões de telefone celular.
A normalização de comportamentos negativos é um fenômeno descrito por diversos filósofos. Aristóteles afirmava que "nós somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito" (Ética a Nicômaco, Livro II), ressaltando que a repetição de comportamentos pode levá-los a se tornarem hábitos e, consequentemente, normais para a sociedade. Dessa forma, quando líderes demonstram comportamentos intolerantes, criminosos ou corruptos, isso pode levar à normalização desses comportamentos, tornando-os mais aceitáveis na cultura da sociedade.
A impunidade também é um fator relevante no aumento da criminalidade e da intolerância. Como afirmava Thomas Hobbes, "a injustiça do Estado é a causa das guerras civis" (Leviatã, Capítulo XVII), destacando que a falta de justiça e punição pode levar à instabilidade e conflitos na sociedade. De fato, estudos mostram que a percepção de impunidade aumenta a propensão a comportamentos antiéticos (Gino & Pierce, 2010), o que pode contribuir para a formação de uma cultura de intolerância e criminalidade.
Nesse sentido, o desmonte da operação Lava Jato, que teve início no governo Bolsonaro, com o suporte massivo da classe política e da corte política nacional (STF), contribuiu em muito para o sentimento de impunidade e falta de confiança nas instituições que combatem o crime.
O desmonte da Lava Jato e o resultado das eleições em 2023 poderá gerar reflexos ainda mais profundos, pois uma administração pública ineficiente gera o empobrecimento genealizado e contribuí para a formação de uma cultura de corrupção e impunidade.
Quando líderes demonstram que não conseguem administrar eficientemente suas responsabilidades e recursos públicos, e, não respondem por seus erros, levam à percepção de impunidade e corrupção na sociedade.
Neste sentido, as cenas que estamos testemunhando neste feriado de carnaval podem ser atribuídas em grande parte à eleição de Luís Inácio (PT) e ao desmonte da Lava Jato no governo Bolsonaro (PL), que trouxe de forma mais aguda a percepção de impunidade, seja pela sua conduta ou seja pelos seus discursos de leniência em relação à crimes
A situação poderá ser revertida, sim. Um bom início seria a existência de programas de combate à corrupção e às organizações criminosas e discursos mais duros contra a criminalidade por parte do governo federal. Algo que não pudermos ver até o momento.
Alternativamente, isso poderá mudar caso líderes que defendem o combate à criminalidade ganhem mais apoio e evidência no cenário político nacional.

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